Hong Kong e a Austríaca heptaglota
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Duas semanas depois da última vez que escrevi tenho alguns relatos novos e uma dúzia de imagens para vos mostrar.
Já não noto a humidade extrema, as aulas continuam, os trabalhos avizinham-se, arranjámos uma co-inquilina, fui a uma festa ou outra, “visitei” Zhuhai (China, mas China mesmo, daquela China que um gajo olha e diz: ipá, isto é mesmo a China!) e fui ver arranha-céus a Hong Kong.
Baralhando e misturando que já é bem tarde aqui no meu fuso horário e seguindo alguns apontamentos no precioso moleskine que a Gizela me ofereceu volto a dia 6Set.
Nesse dia, como em muitos outros, jantei no San Pou, esse maravilhoso restaurante a 50metros de casa, onde há menu em Inglês e se janta de faca e garfo (aliás pauzinhos e com sorte uma colherzita daquelas de porcelana) por menos de 3€. Querer menu inglês não é ser turista de mente pouco aberta, é que uma coisa é ler “Chau Min” outra coisa é arriscar nuns caracteres malucos e apanhar com mãos de galinha, rã ou outra coisa estranha qualquer no prato. Cozinhar em casa também é complicado quando apesar de ter algo parecido com um fogão, não existe nem arte culinária, nem pratos, talheres, escorredores, microndas, copos, ingredientes, etcetc.. mas vêm a caminho! Aliás, amanhã, 5ªf 21Set, já temos um jantar caseiro combinado com a Nadine. Mas já lá vou. Voltando aos restaurantes não queria deixar passar a oportunidade de vos dizer que: nunca há guardanapos, é mentira que os chineses comem crepes e arroz chowchow (não vi ninguém comer...), e a rapaziada curte escarrar, palitar os dentes e remastigar o repasto e fumar durante a refeição. Pronto vá, escarrar no restaurante é raro, mas na rua é preciso estar atento.. Se ficaram com a dúvida sobre o que afinal comem eles então, baseia-se em caldos com noodles lá dentro, legumes e bolas de carne-peixe-e-esquesitices.
Existem alguns restaurantes finos onde acredito que tudo seja mais belo e não sentem bandos de machos chinocas palitantes na nossa própria mesa mas não são para a minha carteira. Quanto a restaurantes Portugueses falaram-me nalguns, mas excepto um rodízio de Cozido à Portuguesa ao almoço no Clube Militar (financiado por um ‘tio’ do Ricardo) ainda não comi em mais nenhum.
Para arrumar o assunto da comida ainda vos conto a fama dos “portugueses cakes”, que são obviamente pastéis de nata e vendem-se em todas as pastelarias e muitos cafés de Macau a Hong Kong!
Passando ao assunto futebol.. Finalmente comecei a jogar aqui! Descobrimos um ringue (tipo campo de futsal mas mesmo pequenito e envolto numa jaula) onde as equipas se defrontam em estilo "perde-sai". Há um homem, a quem chamam Tiger, que controla oficiosamente a coisa, é ele que diz quando jogos empatados acabam (+-ao fim de 10mins e saem ambas as equipas) e decide tudo o resto. Basicamente chegas, ficas à espera, os jogos são até alguém marcar, a equipa que perde sai e vai seguindo. Se ganhas podes jogar muito tempo, se perdes, mesmo que tenhas jogado 2minutos, sais. Quanto a equipas, vão variando, mas basicamente há a nossa, dos latinos (eu e ricardo,2colombianos e 1 guardaredes belga), a dos finlandeses, às vezes equipas de portugas macaenses, e um montão de equipas de chinocas malucos. À medida que o pessoal vai indo para casa ou lesionando-se as equipas vão-se misturando e acabo, como há uns dias, a jogar numa equipa de chineses, a marcar o golo da vitória e a ser abraçado por todos eles! Ah, e não há foras, nem faltas!
Quanto a futebol via TV assisti ao Finlândia 1 x 1 Portugal com muitos dos 16(!) Finlandeses que por aqui andam e ainda ao Benfica 1 x 0 Nacional num bar que amavelmente sintonizou a RTPi às 3am num Domingo só para nós!
Já que referi os finlandeses aproveito para contar algumas histórias de vida de colegas daqui. È que um gajo diz finlandeses mas a maior parte deles só é “finlândes” para beneficiar da generosa bolsa de 1000€ que o estado comuna escandinavo providencia. De facto, um é East L.A. ,USA ; o outro é meio espanhol, meio americano, estuda lá e veio para aqui; o outro é meio francês, meio filipino, também viveu nos USA, foi tirar o curso para a Noruega e agora está na China.. e outras origens que tais. Portanto deixei de achar tão interessante contar que a minha Mãe é do Norte, o meu Pai das ilhas,que irmãos meus nasceram em África e eu sou de Lisboa.
Quanto a origens, conto-vos que por aqui, como em qualquer parte do Mundo, as minorias são descriminadas, neste caso é o ocidental, e por vezes podemos ouvir um comentário tipo “Say Gwai lo” (demónio branco estúpido) ou outra coisa do género.
Passando às festarolas, parece que à medida que os estudantes intercâmbio se vão conhecendo melhor, estão a ganhar maior dimensão. Dia 9Set foi a festa de aniversário do Ken (que obviamente recebeu Barbies, o que o deixou muito satisfeito, pois foi apenas a 20ª vez que recebeu bonecas), evento que juntou mais de 50 pessoas no apartamento dos “Finlandeses que não são Finlandeses”. Ontem foi o aniversário do Thomas (um dos 6 Thomas ou Tuomas ou algo parecido que por cá andam) e também houve festa rija mas pelo roteiro dos casinos.
10Set foi dia de limpezas, que a casa estava um esterco, o que implicou comprar baldes, esfregonas, panos e mais panos e todo o tipo de detergente. Bela seca, uma dor de costas e pronto..mais uma vez, admiro-te muito mãezinha!
Dia 13 passamos a ter a companhia da Nadine. Trata-se de uma meia leca aloirada austríaca heptagota (fala alemão, holandês, espanhol, italiano, francês, inglês e agora está a aprender mandarim e português), muito estudiosa e interessada, que não pretende conviver com os ocidentais e faz de tudo (desde ter aulas de Tai Chi, passear-se pelos mercados, ir para a discoteca sozinha e frequentar diariamente a residência onde estão os asiáticos todos) para se integrar com os nativos. Os nossos diálogos em casa são interessantes: quer comunicar em espanhol comigo, inglês com o Ricardo e que nós falemos português entre nós. Em suma, meia louca mas uma porreira.
A casa continua de pé, aparentemente a barata a quem tratei da saúde vivia sozinha, a piscina ainda aguarda uma visita, os porteiros já nos saúdam pela manhã, e o recheio vai crescendo para além dos 14items previstos no contrato à medida que fazemos umas compras, perpetramos pequenos furtos de bases de copos ou talheres e trazemos sofás e poltronas que tinham sido abandonados por cruéis proprietários.
Dia 14 acordei e disse: olha, vou ali à China e já volto. Como já tinha o visto, bastou-me andar 2minutos, apanhar o autocarro do casino mais próximo ( aqui os casinos disponibilizam transporte gratuito para o Ferry Terminal e para a fronteira, e os ‘erasmus’ espertinhos deixaram de andar à cotovelada com os chinocas no autocarro de carreira superlotado, fazemo-nos passar por ‘gamblers’ e vamos sentadinhos e com A/C ) com destino às Portas do Cerco, apresentar o passaporte a 10 tipos fardados e pronto! Estou na China! Não cheguei a conhecer a cidade, fica para uma próxima oportunidade, pois a saída do posto fronteiriço atira-te para um centro comercial subterrâneo com dois pisos e lojas em todos os sentidos até perder de vista, literalmente. Uma loucura. Fiz umas compritas mas tenho de lá voltar.
6ªf à noite segui para Hong Kong. Ficamos em camaratas numa Pensão ultramanhosa gerida pelo Mahomed num prédio megadegradado na Nathan Road (Garden Guest House), mas por 6€ não se consegue muito melhor. Demos umas voltas turísticas, vimos o Laser Show das 8pm a partir de Kowloon (os arranha-céus de HongKong fazem um espetáculo de luz e som coordenado de 15minutos), passeamos pela Stars Avenue, subimos ao miradouro-shopping no clássico Peak Tram, passeamo-nos incrédulos no seio das milhares e milhares de mulheres (exclusivamente) filipinas que ocupam o centro de HongKong ao Domingo (em piqueniques e conspirações laborais) e bebemos uns copos em Lan Kwai Fong (o Bairro Alto/Rua da Oura lá do sítio). Foi divertido. Para repetir também concerteza. À vinda fizemos a proeza de chegar ao Ferry as 7.36pm, comprar bilhete para as 8pm, passar nas burocracias todas da Alfândega e ainda entrar no ferry das 7.45pm. Apanhamos um transporte antes da hora! Só mesmo na China..
Bom, já chega, se não depois nem eu próprio vou ter paciência para ler o texto..
PSs: Deixo apenas mais algumas notas e histórias soltas:
1- No outro dia estava a intervir na aula sobre a elaboração de briefings de publicidade e, inconscientemente, agitava uma das minhas folhas de apontamentos. A príncipio não compreendia a expressão facial da Professora mas depois percebi que devia estar curiosa.. é que no meu apartamento contavam-se pelos dedos as coisas existentes, apenas mobília. No entanto herdámos um bloco, que temos usado nas aulas, cujo título em cada folha é “EROTIC/STRIP SHOW”.
2- É comum ver gente na rua usando aquelas máscaras para proteger a face tipo cirurgião.
3- Os andaimes na construção não são de ferro, são de bambu.
4- Um terço dos carros todos são todos ‘tuning’, com pinturas estilizadas e peluches empilhados no tablier.
Abreijinhos
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Senhorio, amiga japonesa, Nadine e Ricardo
Fabulosa cozinha
Mecânico de A/C - a corda à cintura não está presa a lado algum...
WC da minha suite :)
o meu quarto e os meus fantásticos lençóis chineses de 10€
Há quem recolha cãezinhos abandonados, eu recolho sofás.
Portas do Cerco - Fronteira com a China
Shopping Zuhai, China
Czarina ( colega Filipina)Nathan Road, Hong KongAviso na Pensão : "NO outsiders OR prostitues are allowed in the room" (desde a mensagem, ao capricho do flash ofuscar o 'NO', até à gralha, para mim é tudo hilariante)Encontro semanal de Filipinas (Hong Kong)
Mikko (de Los Angeles, USA)
(Hong Kong)
Ricardo, Frank (Groningen) & Daniel(Hamburg)(Laser Show)
(Vista de Kowloon para Hong Kong)
(Vista do Peak de Hong Kong sobre a cidade)